A websérie Guia de Revoltas Negras apresenta, em cinco episódios, um olhar crítico e histórico sobre as múltiplas formas de insurgência negra no Brasil. Inspirada nos pensamentos de Clóvis Moura, Beatriz Nascimento e Abdias do Nascimento, a série denuncia a estruturação do racismo como pilar da sociedade brasileira e evidencia as formas contínuas de resistência forjadas pelo povo negro em resposta a esse sistema de dominação.
A partir da concepção de Moura sobre a rebeldia negra como ação política contra a escravidão e suas heranças, da crítica de Abdias à farsa da democracia racial e do resgate de Beatriz Nascimento sobre os quilombos como projetos de liberdade e autonomia, a produção revela como os corpos, práticas e saberes negros seguem criando brechas no tempo e no espaço para existir com dignidade.
O episódio inaugural, “Olhar insurgente para a história”, reúne Cleber Vieira, Tulio Custódio e Raquel Barreto em um debate sobre insurgência, memória e reinterpretação da história oficial, a partir das obras dos três intelectuais.
Em “Práticas de saúde insurgentes”, Maria Lucia (Instituto AMMA Psique e Negritude) e Mayara Custódio destacam saberes ancestrais de cuidado – historicamente deslegitimados, mas ainda pulsantes nas rotinas das comunidades negras – como práticas de enfrentamento e reconstrução coletiva.
O episódio “Religiosidades insurgentes” mostra, pelas falas de Iyá Adriana de Nanã e Antônia Cezerilo, como terreiros e irmandades negras se constituem como espaços estratégicos de resistência espiritual, política e afetiva, afirmando a vida negra mesmo sob perseguição e silenciamento.
“Corpolidades insurgentes” traz Luciane Ramos e Audre Werneck para refletir sobre a violência estrutural que atravessa os corpos negros, especialmente das mulheres e pessoas LGBTQIAPN+, e as formas como esses corpos resistem e reconfiguram o espaço, a memória e os modos de existir.
Por fim, em “Arquiteturas e tecnologias insurgentes”, Abílio Ferreira e Carlos Machado evidenciam a contribuição negra na construção das cidades e da cultura material brasileira, propondo uma arqueologia da memória que recupere civilizações, tecnologias e saberes apagados pelo colonialismo e pelo racismo estrutural.
Guia de Revoltas Negras é um mapeamento da luta negra pela liberdade – ontem e hoje – narrado por quem a vive, produz e sonha.
