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Instituto Federal do Ceará

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Desenvolvo em Fortaleza práticas sociais, artísticas e educacionais relacionadas às questões afro referenciadas. Através do Instituto Federal do Ceará essas ações se constroem nas disciplinas Estudos do Corpo I, Estudos do Corpo II, Técnicas de Encenação, TCC II Montagem, na orientação de Projetos de Conclusão de Curso TCC I – Monografia, nos Projetos de Extensão Danças Africanas, na Coordenação do PIBID (2016), no Grupo de Pesquisa Pretas Práticas Cênicas, como membro do NEABI – Núcleo de Estudos Afro Brasileiro e Indígena. Na cidade através dos movimentos sociais MNU em eventos como o da “Marcha Contra o Racismo”, nas parcerias com a UFC e a professora Sandra Petit pelo Núcleo das Africanidades Cearenses (NACE) – Memórias de Baobá, na participação do Congresso Internacional – Artefatos da Cultura Negra (Juazeiro e Crato – Ce). Na produção do espetáculo cênico Corpo Catimbó.

Destacarei a seguir um dos projetos realizados em Fortaleza dentro da perspectiva afro referenciada cuja experiência ampliou a discussão étnico-racial na Instituição e na Cidade. O espetáculo Arragaia foi premiado no Ceará Encena nas categorias: Melhor Texto e Melhor Direção.
Realizado em 2018, o espetáculo ARRAGAIA foi criado a partir da disciplina TCC I – Montagem, da XXVII turma do Curso de Licenciatura em Teatro do Instituto Federal do Ceará – Campus Fortaleza. O espetáculo parte de uma narrativa mítica e de um universo onírico fundamentados em cosmovisões Africanas Ocidentais, Afro-Brasileira e do povo Indígena Yanomami, abordando em sua narrativa a insensibilidade política, cultural e indenitária pela qual a sociedade ainda permanece submersa, manifestando seu nefasto transbordamento nas constantes, velhas e atuais invasões, Filosóficas, Territoriais, Espirituais e Científicas às existências dos povos originários. Contado fundamentalmente a partir de narrativas corporais, o ritual cênico decorre da criação de gestualidades, imagens corpóreas, ações físicas e vocais pesquisadas a partir de narrativas afro referenciadas, colocando em discussão os ensinamentos de coletivo e memória que nos trazem os saberes ancestrais.
A Narrativa de Arragaia tem início quando os Abikus – nascidos para morrer – iniciam seu trajeto de presentificação (encarnação) partindo de sua sociedade Egbé Orum em direção ao Aiyé, através da árvore ancestral, a Xamã. Durante a descida acontece um impedimento que os aprisionam no entre-lugar. Desesperados convocam o Mensageiro-Onibodé-Exú para saber o que está acontecendo. Este que abrira o portal de acesso não compreende o que está acontecendo e indica aos Abikus que procurem por Ifá. Este revela aos Abikus que estão presos no entre, devido à destruição das potências naturais no Aiyé, dentre elas a última Árvore-Xamã que permite a interligação dos mundos e sua sustentação, e sem a qual o Céu irá desabar. A partir desse ponto desenrola-se uma série de ritos para conter a destruição e emanar o desejo de afeto e transformação ao Aiyé a partir das memórias sociais e dos saberes ancestrais.